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A MÃE IDOSA


Uma das últimas consultas foi a de Carla (nome fictício), cuja mãe idosa, que morava sozinha, apresentava já alguns sinais de demência, e alarmava a vizinhança com certos hábitos (como por exemplo o de deixar portões abertos), e, inclusive, negá-los constantemente depois, como se tudo fosse mentira dos moradores. . O caso já tinha chegado à Promotoria, que intimou os filhos (Carla e seu irmão) a tomarem providências; caso contrário, o Juiz provavelmente decidiria que a tal senhora deveria ir para algum asilo de sua alçada econômica. Assim, aparentemente restavam a Carla apenas três opções: sua mãe ir morar com ela (pois seu irmão se recusava a que fosse morar com ele); sua mãe ser cuidada por enfermeiros; ou sua mãe ir para um asilo... A sua dúvida era: “o que fazer, qual dessas seria a melhor opção?” . Estávamos diante de uma pergunta típica de I Ching, oráculo muito adequado para encruzilhadas, bifurcações, ou então para que se entenda de forma clara, profunda e precisa qual a melhor postura ou estratégia em determinado assunto, assim como o fluxo de chances e energia da situação analisada. No entanto, antes de iniciar a consulta, ao perscrutarmos melhor o cenário em que Carla se encontrava (etapa essencial para um oráculo como esse), Carla explicou-me que sua mãe já se recusava veementemente a ir morar com ela; e que também “armava o barraco” quando se falava em ser cuidada por enfermeiros... Na verdade, tudo isso já fora tentado antes. A mãe não apenas negava os hábitos que deixavam seus vizinhos estarrecidos, como também se recusava fortemente a reconhecer que precisava de qualquer apoio ou cuidado... . Situação difícil, mas que tinha de ser enfrentada com honestidade. Ao ser consultado, o oráculo evidenciou todo o peso que estava em cima de Carla e a delicadeza da situação. No entanto, o aspecto-chave era a necessidade da moça entender, primeiro, que todo esse peso não era seu; e, segundo, que ela vinha carregando desnecessariamente a carga da mãe e do resto da família há muito tempo, como se ela tivesse sempre que resolver tudo para todos. Isso mesmo. A situação era muito clara: a mãe já tinha tomado sua decisão. Consciente ou inconscientemente, lúcida ou não, a mãe já tinha apresentado o fluir da situação. Ela simplesmente se recusava à opção de ir morar com a filha ou a de ser cuidada em casa, por enfermeiros. Diante disso, Carla não deveria insistir, tentar convencer a mãe... Claro que também não se tratava de abandonar a mãe, ou dispensar-lhe carinho e ternura, ou, ainda, fechar as portas caso a mãe voltasse atrás. Essa não era a recomendação, óbvio! Tratava-se, isso sim, de ser filha apenas onde lhe coubesse, cumprir a sua parte dentro da questão: ACOMPANHAR a situação, auxiliar onde fosse necessário, comparecer em questões burocráticas, ou em Juízo quando convocada, etc... E conviver com a mãe da forma que fosse possível; mas sem querer convencer, forçar ou ditar-lhe nada. A Carla não cabia pagar o preço da firme resistência da mãe. . Para muitos, essa parece ser uma solução egoísta – e o que não falta na sociedade são pessoas para nos julgar –, mas os olhos de Carla, pasmos, mal conseguiam piscar diante do alívio que o oráculo lhe trazia naquele momento: a clareza. E o que conta mesmo na vida é livrar-se do ego (individual e coletivo) e seguir o que sentimos lá no fundo, porque isso sim está ancorado no Cosmos, no que é profundamente certo e está além das aparências. Cada um é cada um. Cada caso é um caso. Carla refletia e ouvia minhas explicações em torno da sabedoria expressa pelo oráculo aplicada ao seu caso, a desemaranhar seu campo energético de medos, motivações e confusões, e dizia “é isso mesmo, é isso mesmo”; e concluiu: “como é que eu não parei pra enxergar algo tão simples?!” . . Finalizamos com outra consulta para desprogramar as várias crenças limitantes acusadas pelo oráculo. Entre elas, as principais eram: a crença de que ela tinha de ser o burro de cargas da família; a crença de que ela deve aguentar tudo o que vier, a auto-imagem da heroína; a crença de que estamos sozinhos no mundo, sem qualquer ajuda invisível – esta última era uma crença que o I Ching acusou como sendo originária de sua mãe, durante a infância de Carla; é uma crença que nos impede de estarmos receptivos à totalidade da ajuda cósmica, e gera outras sinas em nossa vida, fazendo-nos carregar um excesso de peso no caminho.

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Sérgio Lant-Tiger Consultor & Psicoterapeuta Taoísta www.oraculoquantico.com.br

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